HOLACRACIA – uma novidade...velha.
Conheça uma nova abordagem que desafia as antigas hierarquias e propõe um modelo colaborativo e descentralizado. Entenda os princípios, valores e estrutura dessa inovação organizacional. Prepare-se para repensar tudo o que você sabe sobre gestão!
Eu escrevi nesta coluna sobre ADHOCRACIA! (o texto continua publicado, é só buscar) e muitos me disseram que não conheciam esta palavra definindo uma prática que vem sendo utilizada há mais de 10 anos!
Agora quero falar sobre HOLACRACIA. Embora mais recente, ela já foi adotada em vários países notadamente os mais desenvolvidos e a sua premissa é: O FIM DA HIERARQUIA!
É muito disruptivo para nossa cabeça cheia de organogramas, processos e procedimentos vindos de escolas que sempre nos disseram que temos diretores, gerentes e chefes, todos dentro de quadradinhos ligados e em uma ordem de poder de cima para baixo, numa pirâmide onde os mais abaixo devem obedecer aos acima.
Agora tenho que dizer que a nova ordem é: nada disso vale mais! O poder é distribuído por todos os integrantes da empresa “equivalentemente” em função da “eficácia”, sobrepondo-se a expertise de cada um e sua atitude em executar, levando ao atingimento de um “propósito”. Isto é disruptivo!
Vejam que falei equivalente e não igualmente; equivaler é ser igual em estima, função etc., respeitando-se que cada pessoa é única em si. Por isto, cada colaborador (do Presidente, Diretores, Gerentes, Chefes e funcionários em geral) desempenhará um “papel” de acordo com sua habilidade/conhecimento e não mais pelo seu cargo ou poder acionário.
Tenho que destacar a diferença entre Adhocracia e Holacracia. Enquanto a primeira se refere a um grupo de cabeças hábeis que se unem, dentro de uma empresa, para a solução de uma tensão ou novos projetos específicos e temporários, a Holacracia propõe um mundo em que as pessoas se apoiem, se ajudem mutuamente para atender suas necessidades, um mundo colaborativo. Para tanto, preconiza a clareza (leva a previsibilidade e segurança); escolha (os atos devem resultar de uma escolha e não da submissão a uma autoridade); ser importante (cada pessoa é importante no que pensa); disposição (agir para se obter um impacto positivo); aprendizagem (aprender e descobrir sobre si mesma, outras pessoas e sobre o mundo); conexão (pertencimento, ser parte de uma organização); intencionalidade (age-se deliberadamente, fazendo escolhas).
Resumindo: tudo que praticamos em uma organização não é uma questão de certo ou errado, mas ferramentas mais ou menos eficazes para a gestão. Nesse ponto entra o sentido da governança, altamente complexa, pois uma mudança afeta o equilíbrio em outro. Na Holacracia o grupo tem larga autonomia e pode alterar o que quiser e com consentimento, isto é: as propostas só serão aprovadas quando ninguém tem uma objeção a elas, o grupo assume a própria governança e não perante um supervisor. É liderança compartilhada. Isto é dinâmico!
Algumas organizações iniciam como um grupo de pessoas amigas trabalhando juntas. Todos passam por etapas que são similares à medida que amadurecem, os princípios se repetem em todos os níveis. Na Holacracia essa estrutura é descentralizada e se adapta por si só; novos ramos podem ser formados a partir dos mesmos mecanismos, criando-se subgrupos afins seguindo a demanda e a intenção da organização.
Sendo esses os princípios e valores da Holacracia, como será sua estrutura organizacional?
Aí entram os “círculos”. São grupos de pessoas com “papel” definido de atuação, que trabalham juntas e decidem como o trabalho será feito, não precisam aguardar a aprovação de ninguém, simplesmente tomam a ação; há alto nível de comprometimento e uma motivação intrínseca. Nenhuma diretriz poderá ser imposta a um círculo de fora para dentro em relação ao seu “domínio”.
Os círculos não flutuam soltos, estão sempre conectados a outros círculos e subcírculos com os quais têm afinidades. Vejam que o poder é descentralizado o quanto possível, tornando -o rápido, ágil e resiliente. Porém, cada círculo faz parte de uma rede de competências relacionadas e apoiado em um sistema que faz parte da própria estrutura de círculos.
Bom, explicar a estrutura organizacional da holacracia merece um novo capítulo que elaborarei para a próxima coluna. É desafiador! Até lá!
SP, 30/1/24
Fragmentos:
Muitas vozes uma canção – Ted J.Rau e Jerry Koch=-Gonzales – Editora Voo – 2019
Holacracia – Brian J. Robertson – Editora Benvirá – 2016
Antoneli Oliveira
Gestão EmpresarialAdministrador de Empresas – ESAN/PUC; Consultor e conselheiro de empresas, especialista em Gestão; mentor no HITT-Hub de Inovação Tecnológica de Taubaté – UNITAU; Membro do ACT – Advisory Council Team exGV; Facilitador e Consultor do SEBRAE (2003/2010).
Escreve também para o Colunistas do Guia Taubaté e Spotway.
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