Pesquisa da Flup mostra força da literatura nas periferias do Rio
Participantes do evento leram, em média, oito livros em 12 meses
Uma pesquisa realizada com moradores do Rio de Janeiro que participaram da Festa Literária das Periferias (Flup) de 2025 mostra o lugar central ocupado pela literatura na vida dessas pessoas. 

As entrevistas foram realizadas no evento, entre 19 e 30 de novembro de 2025, e os entrevistados disseram ter lido, em média, oito livros nos últimos 12 meses, e 82% deles estavam lendo alguma publicação quando a pesquisa foi feita.
Os dados indicam um público leitor majoritariamente feminino (70%). Já a distribuição etária mostra equilíbrio: o maior grupo tem entre 30 e 39 anos (31,7%), seguido por pessoas entre 40 e 49 anos (25%) e entre 20 e 29 anos (24,5%). Também havia leitores entre 50 e 59 anos (12,8%), 10 e 19 anos (3,3%) e 60 a 69 anos (2,7%).
O romance literário aparece como o gênero preferido, seguido por obras de sociologia e política, história, poesia, filosofia, biografias, crônicas e humor, artes, ficção científica, HQs/mangás, literatura policial, fanfics e autoajuda.
Os entrevistados são moradores de diferentes territórios considerados periféricos das zonas Norte, Oeste e Sudoeste do Rio, como Madureira, Bangu, Realengo, Campo Grande, Acari, Irajá, Guadalupe, Marechal Hermes, Rocha Miranda, Cascadura, Piedade e Jacarepaguá. Também participaram pessoas de municípios da Baixada Fluminense, como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, São João de Meriti e Mesquita.
O levantamento também aponta o reconhecimento da produção cultural local. Mais da metade dos entrevistados (59%) afirma conhecer artistas de seus próprios territórios. Para o idealizador e curador geral da Flup, Júlio Ludemir, esse dado confirma a vitalidade da cena literártia periférica.
“A produção artística periférica é reconhecida e valorizada por quem vive nesses territórios”, afirma.
“O desafio está em garantir que essa criação, ao atravessar fronteiras e alcançar novos públicos, gere retorno real para seus autores e comunidades, evitando a recorrente apropriação cultural das periferias por grupos elitizados”, observa Ludemir.
“Os processos formativos ao longo do ano e o evento em si, com seus debates e shows e outras atrações, são parte desse esforço de devolver à própria comunidade reconhecimento e valor daquilo que ela produz”, completa.
O gosto pela leitura é elevado entre os frequentadores da Flup. Ao avaliarem o quanto gostam de ler, em uma escala de 1 a 5, 66% atribuíram nota máxima, enquanto 20% deram nota 4 e 11% nota 3. Apenas 3% atribuíram notas entre 1 e 2.
O livro físico predomina na preferência dos leitores, citado por 79% dos respondentes, enquanto 19% preferem o digital, e 2%, o audiolivro. Entre os fatores que influenciam o hábito da leitura, eventos literários lideram, seguidos por faculdade, escola, amigos, internet e família. O cenário difere do levantamento de 2024, quando a escola apareceu como principal estímulo.
“Os dados evidenciam aquilo que conhecíamos: o hábito de leitura é uma prática associada ao interesse pessoal, mas, inegávelmente, resultado também de estímulos educacionais e sociais, reafirmando a necessidade de políticas públicas e ações como a Flup e outros espaços de formação e incentivo à literatura”, disse Júlio Ludemir, idealizador e curador geral da Flup.
Quando o assunto é canais utilizados para se informar e consumir conteúdos ligados à literatura, o Instagram aparece como principal fonte, citado por 41% dos participantes, seguido por YouTube (13%), blogs e sites (13%), TikTok (7%) e WhatsApp (2%). Outros meios, incluindo canais analógicos, também foram mencionados.
Ao listar as práticas culturais de maior interesse, a literatura ocupa o primeiro lugar, escolhida por 51% dos respondentes. Música (39%), filmes e séries (35%), exposições de arte (33%) e outras atividades culturais aparecem na sequência.
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